25 abril 2006

O leão e a raposa de Maquiavel

O porta-voz do partido Renamo disse há dias que a fuga de membros do seu partido em direcção ao partido Frelimo tinha a ver com uma acção deliberada deste último partido. Pode ser que sim. E se sim, é porque a luta política é isso mesmo: causar baixas ao inimigo. Mas a Renamo deveria primeiro ver como a sua casa está, de que maneira ela está organizada.
O ex-delegado da Renamo na Namaacha, agora na Frelimo, tem uma história saborosa: segundo ele, o seu ex-partido não pagava o aluguer da sua residência, transformada em sede do partido. Agora, afirmou, com a Frelimo os negócios correm-lhe bem, conseguiu alugar o seu complexo comercial e iniciou o pagamento da alienação da sua casa (vejam o "Notícias" de ontem, p. 3).
Poucos hipotecam apenas o coração a um partido.
Os membros da Renamo deviam ler “O Príncipe” de Maquiavel, especialmente aquela passagem na qual ele aconselha o príncipe a escolher ao mesmo tempo o leão e a raposa no combate político: “Como o leão não se sabe defender das armadilhas e a raposa não se sabe defender dos lobos, é necessário ser raposa para conhecer as armadilhas e leão para meter medo aos lobos. Os que querem fazer apenas de leão não percebem nada do assunto” (acho desnecessário dar a referência bibliográfica).

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