24 abril 2006

Pintura

É nas cidades e no novo mundo da rua reinventada e refeita deste país onde tem curso um permanente exercício de violência catárquica, onde gerações de modestos big men fazem diariamente o ritual da prova de força e da rixa corsária, onde a virulência dos protestos sociais e da crítica política é simultaneamente aguda nas palavras, nos gestos, na dança, no canto, nos provérbios urbanos e no chiste e amortecida pelo universo da informalidade (a qual afinal, é exemplarmente formal) e das redes de solidariedade, é nas cidades onde jovens adolescentes transformam os corpos em micro-empresas de aluguer de sexo pondo em causa o império dos homens atentos à tradição e à masculinocracia decisional, onde, como nas barracas e nos dumba- nengues, actores das periferias se cruzam com actores do centro, aqueles sobrevivendo, estes acumulando.

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