30 maio 2006

Violência, crença mágica e incesto

De acordo com uma pesquisa efectuada sobre 204 rapazes e raparigas da rua na cidade de Maputo em 1996, 24,5% deles tinham saído de casa devido à violência doméstica. Os pesquisadores salientaram que no caso das raparigas a violência pode ser sido incestuosa.
A relação incestuosa podia estar relacionada com crenças mágicos de um certo tipo, pois é suposto que um feitiço feito por alguém pode ser eliminado a partir de uma transgressão das regras usuais.
Eis o extracto de uma entrevista feita a uma rapariga:
“-Como te chamas?
-Amélia Nkata Cocuana.
-Por que é que te chamas “Amélia esposa do avô”?
-Porque esta criança que vês aqui é filha do meu avô. Ele tinha de cumprir com a promessa da família, feita a um curandeiro; havia um espírito proveniente da família da minha mãe que estava encarnado em mim e perturbava a vida sexual do meu avô. A forma que arranjaram para enxotar esse mau espírito foi eu dormir com ele. Engravidei, com 13 anos.
-Como fazes para alimentar os teus filhos?
-Mulher é mulher! “Funciono”!
-Lá em casa vêem com bons olhos esse teu “funcionamento”?
-Como é que não hão-de ver? Eles também têm fome. Quando durmo até tarde, acordam-me para eu ir para a rua. Se for o meu avô, até me deita água fria em cima para eu saltar da cama.”[*]
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[ *]Médecins du monde e Direcção da Acção Social da Cidade, Um olhar sobre as crianças da rua em Maputo. Maputo, 1996; Bagnol, Brigitte, Diagnóstico do abuso sexual e exploração comercial sexual de crianças em Maputo e Nampula. Maputo: Embaixada do Reino dos Países Baixos, Março de 1997, p. 27-28.

3 comentários:

Carlos Serra disse...

Iolanda: achei bom fazer outros partilhar o que escreveu e, em especial, os portais. Cumprimentos!
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Bom dia professor
http://www.oxfam.org.uk/what_we_do/issues/gender/links/downloads/may05_french.pdf

Lutter contre l’abus des filles à l’école – pag.6

Penso que talvez lhe interesse caso ainda nao o conheça. Ja tinha passado poreste site, mas achei que nao era eu quem devia abordar a questao. Por isto qdo a situaçao se me apresentou fiz um pequeno comentario sobre violaçoes.

Gostaria de chamar tambem a sua atençao para o site http://unesdoc.unesco.org/images/0014/001401/140104f.pdf

Este documento aborda entre outros o papel dos chefes tradicionais e espirituais na prevençoa de conflitos nas sociedades da Afica central e nos grandes Lacos.

Sei que foi feitio um outro coloquio “sur la prévention des Conflits & crimes rituels”, mas nao encontro o site. Este coloquio foi feito na sequencia do desaparecimento de menores em alguns paises d’Africa central, em vesperas de eleiçoes, os jovens eram encontrados dias depois sem os orgaos genitais; qu A abordagem cientifica da questao, foi uma maneira de nao ferir susceptibilidades.

Boa leitura,

Iolanda

Anónimo disse...

Vou por a vergonha de lado, e vou contar rapidamente uma pequena historia :
Qdo pedofilia e incesto começaram a ter uma grande repercursao na Europa, lembro-me de ter comentado com uma jovem senegalesa dos seus 17 anos (na altura ela estava na classe prepa) que a pedofilia por si so ja era um acto barbaro, como se nao bastasse “o incesto” é uma verdadeira atrocidade, e para terminar eu disse: ainda bem que nos nao temos nada disto em Africa! A minha interlocutora vira-se para mim e “do alto dos seus 17 aninhos” pergunta-me quem te disse, eu olho para ela estupefacta, face à minha reacçao ela continua impertubavel, existe sim Iolanda, existe isso e muito mais simplesmente, como este genero de coisas se passam no interior das familias – sao guardadas como verdadeiro segredos de familia – é quase impossivel fazer alguem falar, pois pode-se ser banaido do seio da familia com todas as consequencias sociais que isto acarreta.
é pensanso nessa jovenzinha de entao, que eu quero partilhar, se o Professor me permitir, convosco o seguinte livro da journalista Anne Poiret, o livro intitula-se L’ultime tabou : femmes pédophiles, femmes incestueuses (Patrick Robin Editions), é um inquerito sobre mulleres pedofilas. Julgo ser o primeiro livro do genero, a jornalista teve dificuldades em encontrar uma editora. Ela levanta mtas questoes tais como: como explicar que uma mulher possa ser pedofila? Qual é a historia destas mulheres? Como é que uma criança é capaz de sobreviver a um acto destes? Poiret coloca tantas questoes reenviando-nos para a representaçao da sexualidade féminine.
Para quem se interesse sobre o assunto e quiser rapidamente mais informaçoes a RFI, no programma«Parlez moi d’elles” fez um debate em torno deste livro, tendo por conviades a autora, evidentemente , Martine Nisse – terapeuta da familia e Elisabeth Badinter.
Iolanda Aguiar

Anónimo disse...

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