19 novembro 2006

IXº Congresso da Frelimo: dos preservativos aos patrimonialistas



O IX.º Congresso da Frelimo, partido no poder, teve momentos curiosos.
No que me concerne, saliento apenas dois, de natureza completamente oposta.
Segundo o semanário "Savana" na sua edição de sexta-feira (17/11/06, última página), a comunidade indiana de Nampula ofereceu 60.000 preservativos aos congressistas.
Por sua vez, no semanário "Domingo", um editorial chama hoje, de forma corajosa, a atenção para a formação de uma associação de filhos de antigos combatentes que deseja que os pais lhes transfiram, de forma institucionalizada, o seu espólio político. O editorial afirma tratar-se de um discurso "perigoso, eivado de mentalidade nepotista, anticonstitucional, orgulhoso, elitista, subjacente ao qual existe um conceito patrimonialista do poder", discurso que teve apoio no congresso "em voz de figura altamente relevante". O editorial refere ainda "o exibicionismo e a ostentação de alguns dirigentes e seus familiares" no congresso e alerta para o risco de as críticas serem abafadas no país, porque confundidas com "uma tentativa de luta contra os interesses do Estado, confundindo-se interesses do Estado com os interesses privados de quem o dirige" (edição de 19/11/06, última página).
A minha pobre mentalidade proto-sociológica dispensa qualquer tipo de comentário.
Todavia, gostaria aqui de dizer que no nosso jornalismo escrito, crescentemente fast foodado e think tanks, apenas quatro jornalistas séniores e um comentarista conseguem manter a coluna vertical erguida em permanência: Salomão Moyana ("Zambeze"), Fernando Gonçalves, Fernando Lima (ambos do "Savana"), Augusto de Carvalho ("Domingo") e Machado da Graça(comentarista no "Savana").

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