30 janeiro 2009

Maná: prosperidade e punição

Amo estudar tudo aquilo que seja um produto organizado destinado a dar fé, a criar uma identidade, a gerir uma esperança, a produzir um crença sistemática e sem reservas. Amo especialmente estudar as igrejas evangélico-salvacionistas - fenómeno cada vez mais possante no mundo - com o seu poderoso arsenal de promessas fantásticas e de milagres espantosos. E amo, sem dúvida, estudar o que se propõe e o que se pune em nome da Bíblia. A Igreja do Maná (de Jorge Tadeu, seu fundador e presidente), concorrente da Igreja Universal do Reino de Deus (de Edir Macedo), tem, na sua manifestação de fé, 16 convicções (sic), constantes do seu portal em Moçambique. Achei interessante salientar duas, uma que fala da prosperidade material (este é um campo excelente para pesquisa, a busca incessante de dízimos) e outra que anuncia uma punição excepcionalmente severa (a qual não é, certamente, mais suave do que aquela que os linchadores do país impõem à suas vítimas, sovando-as ou queimando-as), salientando a vermelho passagens que considero significativas:
"8 - PROSPERIDADE MATERIAL: No Calvário, Jesus foi em tudo o nosso substituto. Ele se fez pobre para que em troca podessemos ser prosperos. Cremos e praticamos as Leis de Prosperidade que consiste em honrar a Deus com os Dizimos e Ofertas. (Ml.3:1-12; 2Co.8:9; Pv.3:9,10; Lc.6:38; 2Co.9:6-11)".
"16 - JUÍZO FINAL E RECOMPENSA ETERNA: Aqueles que morreram fisicamente em seus pecados sem aceitar Jesus, serão julgados pelas suas obras más, e condenados no lago de fogo e enxofre junto com o diabo e os seus demónios, o anticristo e o falso profeta. Não haverá mais oportunidade de voltarem a ouvir o Evangelho para arrependimento. Este castigo é eterno, assim como a recompensa dos Justos na presença de Deus num extase de paz e alegria. (Hb.9:27; Ap.19:20; Ap.20:11-15; Ap.21:8; Ap.21:1-4; 2Co.5:10; Mt.25:31-46)".
Adenda 1: seria interessante estudar um dia, no nosso país, o conjunto reactivo multilateral dos crentes dessa e de outra igrejas. Já tentei um pouco isso com a IURD.
Adenda 2 às 21:57: não menos interessante seria estudar a produção, quase em massa, de micro-igrejas no país em geral e em Maputo em particular.

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