30 abril 2011

Postagens na forja

Eis alguns dos temas que, progressivamente, deverão entrar neste diário a partir da meia-noite local: 
* Genéricos: Série Lago Niassa (6); Dossier "Savana" (1)
* Séries pessoais: Poder e representação: teatrocracia política em Moçambique (9); Da cesta básica à cesta política (7); Os conhecidos que se desconhecem (11); Ditos (8); Dos megaprojectos às mega-ideias (11); Mal-estar na civilização (12); À mão a comida tem melhor gosto (11); Da cólera nosológica à cólera social (10); O que é Moçambique, quem são os Moçambicanos? (56); África enquanto produção cognitiva (26); Linchar à luz do dia: como analisar? (5) Somos natureza (8); Indicadores suspeitos e comoção popular (11); Vassalagem (4); Cientistas sociais são "sacerdotes"? (9); É nas cidades do país (9); Ciências sociais e verdade (12); Moçambique dentro de 30 anos (série) (6) (recordar aqui e aqui)

Livros

Parque dos Continuadores, cidade de Maputo, estive lá até há momentos, livreiros e livros, gente classe média presente, ambiente lindo com vento indesejável. Tive o prazer de estar na banca da Imprensa Universitária da Universidade Eduardo Mondlane, onde muitos livros estavam a ser vendidos.
Adenda às 19:48: teremos de nos esforçar para ir para os bairros populares, para as escolas, para as províncias fora de Maputo.

Niassa

No "Faísca", aqui

Vladimir e o nosso fuzil

Síndroma de Jacko: branquear a pele em África

Do Gabão ao Senegal, dos Camarões ao Mali, é uma corrida frenética, é a síndroma de Jacko (Michael Jackson): clarear a pele, ficar branco ou branca especialmente por parte das mulheres, usando produtos perigosos banidos no Ocidente. É uma praga, escreve Lorenzo Cairoli, autor de um trabalho em italiano a conferir aqui. Para traduzir, aqui. Sobre o que fazem as mulheres jamaicanas pobres, leia aqui. O branqueamento da pele já foi abordado neste diário, confira três postagens aqui. Foto reproduzida daqui.
Pergunta aos leitores: alguém sabe se o fenómeno também tem curso no nosso país?
Adenda às 9:45: "Modificar a cor da pele é apenas o aspecto mais visível desse ideário. A ação envolve questões políticas e religiosas mais profundas." - confira sobre o Brasil um trabalho do antropólogo Andreas Hofbauer, aqui.

Proximamente

439.ª foto

A "hora do fecho" no "Savana" (edição de 29/04/2011)

Na última página do semanário "Savana" existe sempre uma coluna de saudável ironia que se chama "A hora do fecho". Naturalmente que é necessário conhecer um pouco a alma da vida local para se saber que situações e pessoas são descritas. Deliciem-se com "A hora do fecho" desta semana, da qual ofereço, desde já, um aperitivo:
*O fanfarrão do IGEPE, com todo o seu palaver ultra-liberal, auto-proclamava-se a de toda poderosa solução para a má gestão nas empresas participadas pelo Estado. Mas se o que foi dito esta semana a seu respeito corresponder à verdade, então que Deus nos livre.

Série Lago Niassa (5)

Fotos de Carlos Serra Jr, Lago Niassa, lá na província do mesmo nome, a maior do país, mas também a menos habitada. Se quiser ampliar a imagem, clique sobre ela com o lado esquerdo do rato.
(continua)

Machado da Graça

mediaFAX

29 abril 2011

A "hora do fecho" no "Savana" (edição de 29/04/2011)

"Então a AR desembolsou 1,2 milhões de Meticais para a compra de um mobiliário condigno para a nova casa condigna do seu anterior timoneiro. Alguém com certa ingenuidade perguntava “mas como é que um indivíduo com idade para ser avô nunca comprou mobília própria na vida”? A perguntas estúpidas,  respostas estúpidas. Isto é Moçambique."

Postagens na forja

Eis alguns dos temas que, progressivamente, deverão entrar neste diário a partir da meia-noite local: 
* Genéricos: Série Lago Niassa (5); A "hora do fecho" no "Savana"
* Séries pessoais: Poder e representação: teatrocracia política em Moçambique (9); Da cesta básica à cesta política (7); Os conhecidos que se desconhecem (11); Ditos (8); Dos megaprojectos às mega-ideias (11); Mal-estar na civilização (12); À mão a comida tem melhor gosto (11); Da cólera nosológica à cólera social (10); O que é Moçambique, quem são os Moçambicanos? (56); África enquanto produção cognitiva (26); Linchar à luz do dia: como analisar? (5) Somos natureza (8); Indicadores suspeitos e comoção popular (11); Vassalagem (4); Cientistas sociais são "sacerdotes"? (9); É nas cidades do país (9); Ciências sociais e verdade (12); Moçambique dentro de 30 anos (série) (6) (recordar aqui e aqui)

Obiang, o preocupado

Oitavo governante mais rico do mundo (segundo a Forbes) num dos mais pobres países do mundo, presidente desde 1978 após um golpe de Estado que levou ao fuzilamento do anterior presidente, o Sr. Teodoro Obiang da Guiné Equatorial proibiu a tradicional manifestação do Primeiro de Maio por temer protestos contra o seu regime, segundo GuinGuiBali. Aqui. Para traduzir, aqui. Recorde neste diário aqui.

mediaFAX

Machado da Graça

Capa do "Savana" de 29/04/2011

Logo que oportuno inicio aqui a publicação do habitual Dossier Savana, edição de 29/04/2011. Amanhã deverei inserir, destacado, o não menos habitual "A hora do fecho" do jornal.

Parabéns Professores Quilambo e Ana

O presidente Guebuza nomeou os Professores Orlando António Quilambo e Ana Maria da Graça Mondjane respectivamente reitor e vice-reitora da Universidade Eduardo Mondlane. O primeiro é professor associado, doutorado em 2000, biólogo, especialista em biomonitorização, anterior vice-reitor académico, presidente da Academia de Ciências de Moçambique, candidato a reitor em 2007. A segunda é professora auxiliar, doutorada em 2000, agrónoma, especialista em virologia (patologia de plantas), Faculdade de Agronomia, ex-directora científica. Em 2007 observei o seguinte sobre Quilambo: (...) excelente cientista, homem competente e probo".  Os meus parabéns a ambos, a quem muito respeito.
Nota: finalmente, o reitor e a vice são da casa (acertei quando previ isso) e esta é uma boa decisão de Armando Guebuza - respeitando o nosso Conselho Universitário -, a quem também felicito. Pela segunda vez temos uma vice, a anterior foi a Prof Ana Lídia Brito, actualmente na Unesco em Paris.
Adenda às 6:42: o "Savana" com data de hoje acertou no vaticínio referente à nomeação de Quilambo. Aqui.

Lago Niassa (4)

Fotos de Carlos Serra Jr, Lago Niassa, lá na província do mesmo nome, a maior do país, mas também a menos habitada. Se quiser ampliar a imagem, clique sobre ela com o lado esquerdo do rato.
(continua)

Djibuti, a revolução africana esquecida

Com o título em epígrafe, um trabalho de Joseph Maria Royo sobre Djibuti, aqui. Para traduzir, aqui.

Poder e representação: teatrocracia em Moçambique (8)

O oitavo número da série, que no seu título usa um termo de Georges Balandier, teatrocracia.
Prossigo no terceiro ponto do sumário que vos propus, refiro-me ao poder comicial, agora escrevendo sobre o terceiro subponto sugerido, a gestão do espectáculo.
O espectáculo puro do poder político dando-se a conhecer e procurando causar efeitos ópticos prolongados - eis o tecto do poder comicial, iniciado logo que o líder surge com grande aparato. O líder mostra que foi capaz de deixar o centro do sagrado decisional e de descer à periferia do comum dos mortais, ao povo, inutilizando temporariamente a distância e o resguardo, mostrando que é capaz de se equiparar aos súbditos, dando no fim da sua intervenção a palavra a pessoas escolhidas previamente pelo protocolo local para falarem, para estarem em empatia com o sagrado que ele representa. Mas isso é apenas uma parte do espectáculo (de resto variado, incluindo oferendas locais), porque o estrado ou o palanque assinalam ao mesmo tempo e permanentemente a distância vertical indissolúvel, reforçada pelos acompanhantes respeitosos, pelas autoridades tradicionais garbosamente fardadas e pelos atentos agentes de segurança.
Imagem: el poder, quadro do pintor e ceramista argentino Raúl Pietranera).
(continua)

Electricidade no mundo

O mapa mostra as enormes disparidades continentais existentes no consumo de energia. Na região subsariana, a taxa de electrificação não ultrapassa os 30%. Em francês aqui, para traduzir aqui.

28 abril 2011

Yahoo

Algum utente do email Yahoo pode dizer-me se consegue aceder à sua conta? Obrigado pela resposta.
Adenda às 19:47: estou há muito, já, sem poder acessar o meu endereço electrónico yahoo, recebo sempre mensagem de erro. Não sei o que passa. Peço desculpa a todos os que me escrevem para esse endereço.
Adenda às 19:48 de 29/04/2011: após um período de normalização, voltei a não poder acessar à minha conta. De novo o meu pedido de desculpas.
Adenda às 9:41: situação de novo normalizada.

Postagens na forja

Eis alguns dos temas que, progressivamente, deverão entrar neste diário a partir da meia-noite local: 
* Genéricos: Série Lago Niassa (4)
* Séries pessoais: Poder e representação: teatrocracia política em Moçambique (8); Da cesta básica à cesta política (7); Os conhecidos que se desconhecem (11); Ditos (8); Dos megaprojectos às mega-ideias (11); Mal-estar na civilização (12); À mão a comida tem melhor gosto (11); Da cólera nosológica à cólera social (10); O que é Moçambique, quem são os Moçambicanos? (56); África enquanto produção cognitiva (26); Linchar à luz do dia: como analisar? (5) Somos natureza (8); Indicadores suspeitos e comoção popular (11); Vassalagem (4); Cientistas sociais são "sacerdotes"? (9); É nas cidades do país (9); Ciências sociais e verdade (12); Moçambique dentro de 30 anos (série) (6) (recordar aqui e aqui)

Manchetes do "Savana"

Manchetes do semanário "Savana" com data de 29/04/2011: PGR embaraça Frelimo (p. 2); PCA do FFH acusado de gestão danosa (p. 3); Negociatas cercam gabinete de David Simango (centrais, pp. 14-15); Quilambo poderá ser o novo reitor da UEM (última)

Transmissões eléctricas em Moçambique

O eng.°  José Lopes escreveu um posfácio ao seu xitizap, a propósito do tema em epígrafe, aqui. Pode ampliar o mapa clicando sobre ele com o lado esquerdo do rato.

Basta trocar

A imprensa internacional tem dado relevo à expulsão pelo governo do Malawi do embaixador britânico, acusado de criticar o presidente Bingu wa Mutharika. O "Notícias" também se referiu a isso hoje, mas aqui queria apenas salientar a saborosa parte final do texto do jornal, a saber: "A Grã-Bretanha é o maior doador do Malawi e contribui anualmente com dezanove milhões de libras. Segundo o correspondente da RM (Rádio Moçambique, CS) em Lilongwe, no último fim-de-semana, a organização tribal Mulako wa Alomwe, cujo patrono é o Presidente Bingu wa Mutharika, havia pressionado o líder malawiano para expulsar o embaixador britânico alegando que a ajuda do Reino Unido poderia ser substituída pela chinesa." (crédito da imagem aqui)
Adenda: não consegui localizar na internet referências à organização Mulako wa Alomwe.
Adenda 2 às 12:16: graças ao leitor Ricardo de Paris, foi possível localizar na internet referências à organização, mas com a grafia Mulhako Wa Alhomwe. Aqui e aqui.

Prismas

O procurador-geral da República, Augusto Paulino, foi ao ontem ao parlamento dar conta do estado geral da justiça no país. A esse propósito:
No Notícias, uma leitura técnica, com chamada para a necessidade de uma legislação concernente à corrupção. Aqui.
No O País, incidência sobre uma possível mudança na visão da Procuradoria, abrindo espaço para um novo debate jurídico. Aqui.
No Expresso, destaque para um aceso debate entre Frelimo e Renamo sobre se o procurador devia ler o resumo ou o relatório completo, explorando o desentendimento entre as bancadas, a atrapalhação e o aparente descontrolo da presidente da Assembleia da República. Aqui.
No Canal de Moçambique, relevo para o que chamou lamentações do procurador, acentuando uma frase a ele atribuída (os fundos e bens do Estado estão entregues à sua sorte) e chamando a atenção para o facto de Augusto Paulino não identificar os corruptos. Aqui.

Coulibaly morto

Rival de Guillaume Soro, ex-guerrilheiro e actual primeiro-ministro da Costa do Marfim, o chefe de um grupo armado chamado "comando invisível", Ibrahim Coulibaly, terá sido ontem abatido por forças do presidente Alassane Ouattara. Aqui e aqui (para traduzir no segundo portal, aqui). Conforme tinha postado neste diário, ele devia ter sido recebido por Ouattara. Aqui.

Os demónios da monarquia suázi

Confrontado com protestos populares, o governo do rei Mswati III da Suazilândia acusou as organizações não governamentais e diplomatas estrangeiros de estarem conluiados com o "inimigo". E o povo, esse deve abster-se dos partidos políticos banidos e das organizações "terroristas" - disse um ministro. Confira no Daily Estimate aqui e no Lesotho Times aqui. Para traduzir, aqui. Recorde neste diário aqui.

438.ª foto

Abidjan na recuperação económica

Comércio, banca e comunicações internacionais reabrem em Abidjan, capital da Costa do Marfim. Aqui. Para traduzir, aqui.

Poder e representação: teatrocracia em Moçambique (7)

O sétimo número da série, que no seu título usa um termo de Georges Balandier, teatrocracia.
Prossigo no terceiro ponto do sumário que vos propus, refiro-me ao poder comicial, agora escrevendo um pouco sobre a gestão da oratória.
Somos um país rico em oratória, em discursos, em palavras de comícios. Os comícios são, faz já muitos anos, um enorme viveiro discursivo, lá onde o líder - grande ou pequeno, em meio urbano ou rural, após um aparatosa chegada de carro, helicóptero ou avião, vindo da capital, da sede provincial ou da sede distrital - vai falar ao povo expectante e sedento de novidade. Palavras todos nós usamos, mas palavras para comícios são do uso exclusivo dos gestores do poder político e estatal, uso livre no caso do partido no poder, mediante autorização policial no caso da oposição. E são esses gestores da palavra comicial que, por tempo indeterminado, falam às populações (termo eufórico e despolitizador) sobre o que fizeram, sobre o que farão e sobre o que esperam o povo faça, são esses gestores que trazem a espectacularidade das promessas, o desenho axiomático de um futuro que só eles conhecem, o mundo que dizem novo no mastro das palavras veementes. Os comícios são um programa permanente de avaliação e controlo políticos e a discursividade age através de uma cadeia piramidal de chefes que se revezam em visitas de inspecção e mobilização política.
Imagem: el poder, quadro do pintor e ceramista argentino Raúl Pietranera).
(continua)

Cartun

Sobre o cartunista brasileiro Glauco, assassinado em 2010 com seu filho, aqui.

Série Lago Niassa (3)

Fotos de Carlos Serra Jr, Lago Niassa, lá na província do mesmo nome, a maior do país, mas também a menos habitada. Se quiser ampliar a imagem, clique sobre ela com o lado esquerdo do rato.
(continua)

Contra a violência com violência

Segundo a Rádio Moçambique, "O número de homens agredidos pelas próprias mulheres em Manica, centro de Moçambique, quase duplicou nos últimos três anos, com mais de 300 casos registados só este ano, disse à Lusa fonte policial." Recorde neste diário uma postagem de 2009, aqui. Não vou discutir sobre se há mais homens agredidos ou se há mais casos registados a esse nível, sobre os procedimentos estatísticos em geral e sobre o contexto e as causas. Fica apenas o registo. Enquanto isso, permitam-me recordar-vos uma outra postagem minha igualmente de 2009, alusiva a um livro com o título "Mulheres que matam", que adquiri em Fortaleza, Brasil, quando lá participei num seminário sobre violência, aqui.

Da violência aos votos: guerra e participação política no Uganda

Qual é o legado político dos conflitos violentos? Apresento evidências de uma ligação entre violência no passado e aumento do compromisso político entre ex-combatentes - um trabalho do Prof Christopher Blattman da Universidade de Yale, aqui. Seu blogue aqui. Para traduzir, aqui.

27 abril 2011

Novas manifestações no Burkina Faso

Hoje: "Centenas de comerciantes e de jovens de Koudougou voltaram a manifestar-se de forma violenta." Aqui. Última postagem neste diário sobre o Burkina Faso aqui.

Postagens na forja

Eis alguns dos temas que, progressivamente, deverão entrar neste diário a partir da meia-noite local: 
* Genéricos: Série Lago Niassa (3)
* Séries pessoais: Poder e representação: teatrocracia política em Moçambique (7); Da cesta básica à cesta política (7); Os conhecidos que se desconhecem (11); Ditos (8); Dos megaprojectos às mega-ideias (11); Mal-estar na civilização (12); À mão a comida tem melhor gosto (11); Da cólera nosológica à cólera social (10); O que é Moçambique, quem são os Moçambicanos? (56); África enquanto produção cognitiva (26); Linchar à luz do dia: como analisar? (5) Somos natureza (8); Indicadores suspeitos e comoção popular (11); Vassalagem (4); Cientistas sociais são "sacerdotes"? (9); É nas cidades do país (9); Ciências sociais e verdade (12); Moçambique dentro de 30 anos (série) (6) (recordar aqui e aqui)

Comentários

Dois leitores queixaram-se-me de não conseguir comentar no blogue. Não detectei, ainda, nenhum problema. Digam-me: o problema subsiste? Obrigado.
Adenda: o comentário de um leitor foi publicado sem problemas.
Adenda 2 às 14:35: : solicito que me digam se o problema subsiste. Obrigado.
Adenda 3 às 15:02: mais dois comentários entrados para postagens distintas, aparentemente o sistema está bem.

Novos prismas

Respectivamente aqui e aqui. Como amava dizer o arquitecto Mário Mabjaia em seus propramas cómicos na televisão, a vida é muito complicada.

Prismas

Respectivamente no "Notícias" e "Diário da Zambézia", aqui e aqui. Recorde um texto meu de 2007 aqui.

437.ª foto

Série Lago Niassa (2)

Fotos de Carlos Serra JrLago Niassa, lá na província do mesmo nome, a maior do país, mas também a menos habitada.
(continua)

Poder e representação: teatrocracia em Moçambique (6)

O sexto número da série, que no seu título usa um termo de Georges Balandier, teatrocracia.
O terceiro ponto do sumário que vos propus é o que chamei poder comicial.
Este é um ponto fulcral na história política do nosso país, ponto que não vou encerrar nesta postagem.
Ponto fulcral com três tipos de gestão: gestão de multidões, gestão da oratória e gestão do espectáculo.
Vamos ao primeiro tipo de gestão. A multidão é o desejo veemente do líder, grande ou pequeno, falando na capital cosmopolita ou na modesta sede do posto administrativo. Nos comícios, o líder tem a seu pleno cargo lúdico a gestão cerimonial - panorâmica e vertical - dos súbditos presentes, ele num estrado ou num palanque rodeado de assistentes e convidados com ar respeitoso, súbditos em baixo, de pé regra geral, expectantes, supresos, fascinados com o espectáculo. Gestão cerimonial meticulosamente preparada por uma corte de funcionários. Quanto mais gente estiver presente mais o líder se convence de que tem a seus pés a nação inteira em formato concentrado. A gestão cerimonial está intimamente associada a um certo tipo de relato jornalístico que acentua a presença de multidões felizes e faz passar a ideia forte de que o líder é amado por muitas pessoas. Capacidade de juntar muitas pessoas é vista como produto de legitimidade política.
Imagem: el poder, quadro do pintor e ceramista argentino Raúl Pietranera).
(continua)

Da cesta básica à cesta política (7)

Um pouco mais desta série.
Comentários de vários tipos surgidos na imprensa e neste diário mostram quão difícil vai ser implementar a cesta básica. Porém, já escrevi que não tenho competência para analisar a consistência económica da cesta, restando-me unicamente a possibilidade de procurar analisá-la como cesta política.
Promessas ou ameaças de manifestações são uma arma política destinada a fazer com que o adversário ceda e entre num processo negocial. Hoje, face à turbulência política mundial, com manifestações sucedendo-se, estas são temidas pelos Estados, especialmente por aqueles com défice de capital directivo.
No nosso país quase se rotinizaram as promessas ou as ameaças de manifestações por parte de certos tipos de actores políticos e civis, tal como se rotinizaram as técnicas dissuasórias (trabalhos de imprensa, comunicados, avisos policiais, discursos). É como se estivessemos numa luta de barricadas.
Termino mais tarde.
(continua)

África, pobre das suas riquezas

Se tivesse farinha, ter-te-ia feito um bolo de chocolate...Mas não tenho chocolate... - legendas de um trabalho do cartunista Damien Clez, acompanhado de um texto com o título em epígrafe no qual procura mostrar as contradições do nosso continente, em francês aqui, para traduzir aqui.

Os conhecidos que se desconhecem (10)

Escrevi no número inaugural desta série que a vida é uma antífrase bem mais real do que pensamos, é um casamento permanente entre o Mesmo e o Outro bem mais forte do que supomos. Tomando a internet como referencial geral e as redes sociais como vasos capilares de um novo conceito do social em particular, o argumento nesta série consiste em mostrar que somos capazes de nos unir em torno de um ideal no preciso momento em que, conhecendo-nos, nos desconhecemos.
Escrevi anteriormente que era possível aprofundar o impacto das estradas e das praças virtuais explorando analiticamente quatro temas: (1) generalização do confessionalismo (do tipo cristão) público, (2) multiplicação do brejeirismo, (3) irradiação capitalista ilimitada das ADM (Armas de Distração Maciça) e (4)  mobilização, propaganda e clintelismo políticos.
Prossigo no último ponto. Campo de diversão, campo convidando ao individualismo, campo tentando neutralizar os encontros físicos reais, campo que parecia e parece ser o da morte dos colectivos, a internet tornou-se, afinal,  um dos mais poderosos pontos de encontro político da actualidade, provavelmente o mais poderoso. A propósito, numa entrevista que dei a um colega blogueiro em 2007 (ainda não estava familiarizado com as redes sociais), disse o seguinte : "(...) Por hipótese, as futuras revoluções sociais começarão nos blogues, não nas fábricas, nas praças ou nos campos. (...) o blogue é um belo utensílio de luta. Foi primeiro um brinquedo para jovens de 13/16 anos, hoje pode ser uma arma política extremamente eficaz. No preciso momento em que o dotaram do húmus da recreação, nós podemos reinventá-lo e dar-lhe o selo de uma enxada cavando no território de uma futura humanidade mais solidária."
Prossigo mais tarde (crédito da imagem aqui).
(continua)

O lobo mau (5)

Quarto e último número desta curta série.
Na Tunísia, no Egipto e na Líbia, os presidentes viram no estrangeiro a origem dos levantamentos populares. Mas mais profundamente: o verdadeiro lobo mau era e é a Al-Qaeda.
Falei-vos na Al Qaeda, mas seria possível fornecer muitos outros exemplos de busca de bodes expiatórios políticos em outros países, incluindo o nosso. O fundamental é compreender os mecanismos que estão à retaguarda dessa busca e dessa projecção.
(fim)

Factos e actos do "direito de ingerência"

"Depois de intervir na Líbia, a França interveio na Costa do Marfim. Também se poderia dizer que antes de intervir na Líbia, a França interveio na Costa do Marfim, já que a ingerência e a intervenção militar da França são crónicas neste país desde a independência. Em 2004 as tropas francesas abriram fogo sobre a multidão em Abidjan, causando 90 mortos e 2.000 feridos. Ambas as intervenções militares, Líbia e Costa do Marfim, têm pontos em comum." Em francês no Quotidien d' Oran aqui, em espanhol aqui, para traduzir aqui.