28 agosto 2012

Apartheid não tem raça: massacre de Marikana (11)

"Para que as coisas permaneçam iguais, é preciso que tudo mude." (Tancredi)
Décimo primeiro número da série, crédito da imagem aqui. A média e a grande burguesias ligadas ao Estado via ANC estão em constante ampliação e ganharam poder económico, mas o domínio financeiro continua largamente a pertencer aos descendentes do sistema capitalista do apartheid e das corporações. Querem estes mantê-lo economicamente, querem aquelas obtê-lo politicamente. A chave da história política das elites sul-africanas habita nesse rosto conflitual de Jano. Mas não só.
(continua)

3 comentários:

nachingweya disse...

Eu não diria que a média e a grande burguesia ligadas ao Estado via ANC ganharam poder económico. Chamar-lhe-ia antes poder de compra, poder de consumo. A minúscula componente produtiva desta acumulação de capital está associada aos que detêm o poder económico, os descendentes do sistema do apartheid. Assim o poder económico real encara as políticas de acção afirmativa não como um meio de transferência de capacidade e partilha de poder e distribuição de riqueza mas como um imposto, 'Imposto Sobre Rendimentos Pós Apartheid'.
A periferia permanece intactamente igual a si própria antes, durante e depois do apartheid. As relações sociais passaram por uma cirurgia estética apenas. Apesar de manter o patrão o marginalizado julga-se livre porque agora as marionetes dos orgãos de "soberania"- as aspas são necessárias quando não há independência económica associada às outras independências - descendem da periferia como a maioria.
O BEE tinha de ser reformulado para obrigar aos pretos já empoderados a participar no empoderamento dos ainda desfavorecidos alargando a base de beneficiários. Para isso o seu poder de consumo devia ser transformado em capacidade de produção, multiplicação.

Salvador Langa disse...

Curto e excelente.

ricardo disse...

Entretanto, os mineiros detidos vao ser formalmente acusados de homicidio. Quanto a Policia, nem uma palavra...