31 janeiro 2018

Para a psicologia dos rumores em Moçambique [22]

Número inaugural aqui, número anterior aqui. Há muitos anos, o padre Brentari, já falecido, escreveu o seguinte a propósito do meio propiciador da olowa (acção, endemoninhação ) do mukwiri: "Para quem vive nas povoações é fácil descobrir a gran­de criação do mal: fome, sede, falta total de possi­bili­dades e meios para o desenvolvimento humano e social; doenças, medos, vinganças, desuniões, opressões em toda a escala da criação: campo, animais, famílias..."

30 janeiro 2018

Big man

O apelo à excepcionalidade do big man representa, quase sempre, o eclipse das instituições, a falta de confiança nelas. Representa, também, um enorme desejo de divindades.

29 janeiro 2018

Uma crónica semanal

Se quiser ampliar a imagem, clique sobre ela com o lado esquerdo do rato. Nota: "Fungulamaso" (=abre o olho, está atento, expressão em ShiNhúnguè por mim agrupada a partir das palavras "fungula" e "maso") é uma coluna semanal do "Savana" sempre com 148 palavras na página 19. Confira na edição 1255 de 26/01/2018, aqui.

28 janeiro 2018

Para a psicologia dos rumores em Moçambique [21]

Número inaugural aqui, número anterior aqui. Na verdade, quando surge uma crise social faz-se fé em que é provocada por aqueles que se distinguem do comum das pessoas, pelos ricos ou pelos forasteiros, por todos aqueles que, de alguma maneira, expressam a diferença, a inovação ou o desacordo. Estas são as categorias de pessoas potencial­mente portadoras de okwiri, cada uma delas é suposta ser um mukwiri (na terminologia cristã, ±= demónio ou seu portador), cada uma delas é suposta ser capaz de utilizar ratos, jibóias e outros animais para, à noite, por exemplo, roubar os celeiros dos outros.

27 janeiro 2018

Uma coluna de ironia

Na última página do semanário "Savana" existe uma coluna de ironia - suave nuns casos, cáustica noutros - que se chama "À hora do fecho". Naturalmente que é necessário conhecer um pouco a alma da vida local para se saber que situações e pessoas são descritas. Segue-se um extracto reproduzido da edição 1255, de 26/1/2018, disponível na íntegra com 31 páginas aqui.

26 janeiro 2018

Entregue 39.º livro dos Cadernos de Ciências Sociais

1. Tenho o prazer de anunciar que entreguei na sexta-feira passada à Escolar Editora os textos do 39.º livro da colecção Cadernos de Ciências Sociais, intitulado "Como será a sociedade do futuro?", com autoria da brasileira Cleide Calgaro e dos portugueses Lurdes Macedo e António Baptista Coelho.
2. O fórum autoral da coleção conta neste momento com 161 colegas de 15 países estendo-se de Díli a Otava. Oportunamente dar-vos-ei a conhecer o tema e o prazo de entrega do 40.º livro.​

25 janeiro 2018

Messias de primeiros socorros

Confrontados com os problemas do dia-a-dia, as pessoas apelam à intervenção de uma espécie de messias de primeiros socorros, imploram os milagres cura-tudo, as soluções decisivas, definitivas, convencidas de que os defeitos estruturais de um sistema social podem ser resolvidos com intervenções fortes e pessoais de ocasião.

24 janeiro 2018

Para a psicologia dos rumores em Moçambique [20]

Número inaugural aqui, número anterior aqui. A crença no vampirismo é uma metáfora pela qual se traduz e se compensa ao mesmo tempo a crise e a privação sociais.
Mas para se compreender melhor o fenómeno do vampirismo - cíclico na Zambézia, por exemplo -, é necessário termos em conta alguns aspectos das representações colectivas populares.

23 janeiro 2018

Intercalar de Nampula

Um prisma sobre a eleição autárquica em Nampula através do mais recente número de um boletim editado por Joseph Hanlon com 04 páginas, a conferir aqui.

22 janeiro 2018

Uma crónica semanal

Se quiser ampliar a imagem, clique sobre ela com o lado esquerdo do rato. Nota: "Fungulamaso" (=abre o olho, está atento, expressão em ShiNhúnguè por mim agrupada a partir das palavras "fungula" e "maso") é uma coluna semanal do "Savana" sempre com 148 palavras na página 19. Confira na edição 1254 de 19/01/2018, aqui.

21 janeiro 2018

Para a psicologia dos rumores em Moçambique [19]

Número inaugural aqui, número anterior aqui. E, finalmente, vejamos algumas consequências da crença:
· Suspeita, intriga, cólera
· Estigma, mentalidade linchatória
· Imputação a todos os estranhos às comunidades
· Linchamentos

20 janeiro 2018

Uma coluna de ironia

Na última página do semanário "Savana" existe uma coluna de ironia - suave nuns casos, cáustica noutros - que se chama "À hora do fecho". Naturalmente que é necessário conhecer um pouco a alma da vida local para se saber que situações e pessoas são descritas. Segue-se um extracto reproduzido da edição 1254, de 19/1/2018, disponível na íntegra com 31 páginas aqui.

19 janeiro 2018

Amanhã na íntegra neste diário

Soporífero

Nos comícios políticos, por exemplo, o fundamental não é o que está a ser dito, o que está a ser proposto, mas o espectáculo em si, a actuação espectacular do líder hipnotizante e carismático falando durante horas seguidas num culto profano. Em momentos eleitorais, o comício pode casar-se com o espectáculo musical, ampliando-se, desta maneira, o poder irradiador do soporífero.

18 janeiro 2018

Para a psicologia dos rumores em Moçambique [18]

Número inaugural aqui, número anterior aqui. Vejamos, agora, as componentes básicas da crença:
· Sangue extraído pela cabeça
· Extracção feita através de seringas ou de objectos do mesmo género
· Extracção feita sorrateiramente à noite quando as pessoas dormiam
· Consequências da extracção: fraqueza e morte
· O sangue extraído destinava-se a aproveitamento exterior aos interesses das comunidades
· Extracção de sangue associada a funcionários governamentais ou partidários, aí compreendidos os da Saúde, mas também a simples forasteiros.

17 janeiro 2018

Sequiosas gentes

Quando mais pequenas as terras, quanto menos povoadas de espectáculos, mais gente aflui aos comícios, lá onde o candidato se multiplica na produção de palavras, de promessas, de gestos e de símbolos, num quadro cerimonial feérico. Saídas do espectáculo de um candidato, as sequiosas gentes logo passam a outro, sempre transversais, rodando de candidato em candidato, de espectáculo em espectáculo, das camisetes de um aos bonés de outro, dos sacos plásticos de um aos porta-chaves de outro. 

16 janeiro 2018

Para a psicologia dos rumores em Moçambique [17]

Número inaugural aqui, número anterior aqui. Mas vejamos mais em pormenor o contexto social do fenómeno:
· Período político revolucionário, com um forte apelo à mudança social
· Penúria de bens de consumo
· Campanhas de vacinação e de doação de sangue
· Guerra generalizada depois de 1982
· Epidemias

Leia o "O Público" do Niassa

Saiba do Niassa através do O Público, jornal editado em Lichinga, capital daquela província, na mais recente edição com 12 páginas, aqui.

Eleição autárquica em Nampula

Um prisma sobre a eleição autárquica em Nampula através do mais recente número de um boletim editado por Joseph Hanlon com 03 páginas, a conferir aqui.

15 janeiro 2018

Uma crónica semanal

Se quiser ampliar a imagem, clique sobre ela com o lado esquerdo do rato. Nota: "Fungulamaso" (=abre o olho, está atento, expressão em ShiNhúnguè por mim agrupada a partir das palavras "fungula" e "maso") é uma coluna semanal do "Savana" sempre com 148 palavras na página 19. Confira na edição 1253 de 12/01/2018, aqui.

14 janeiro 2018

No Niassa com o Faísca

Saiba do Niassa através do Faísca, jornal editado em Lichinga, capital daquela província, na mais recente edição com 14 páginas, aqui.

13 janeiro 2018

Uma coluna de ironia

Na última página do semanário "Savana" existe uma coluna de ironia - suave nuns casos, cáustica noutros - que se chama "À hora do fecho". Naturalmente que é necessário conhecer um pouco a alma da vida local para se saber que situações e pessoas são descritas. Segue-se um extracto reproduzido da edição 1253, de 12/1/2018, disponível na íntegra com 31 páginas aqui.

12 janeiro 2018

Para a psicologia dos rumores em Moçambique [16]

Número inaugural aqui, número anterior aqui. Em todas as situações descritas houve notícia de penúria de bens de consumo, de agitação social, de anomia, de intriga, de mentalidade linchadora e, aqui e ali, de lincha­mentos de supostos chupa-sanguistas. As pessoas acreditavam sempre que o sangue lhes era extraído por seringas ou por extractores análogos. Os este­reótipos vitimários podem ser demonstrados pelo facto de, anos atrás, em Nicoadala, na Zambézia, dois deputados de Assembleia da República e dois jornalistas terem sido toma­dos por «chupadores de sangue». Por outro lado, do ponto de vista dos crentes no rumor existia sempre uma associação entre a extrac­ção de sangue e os funcionários governamentais ou parti­dários e os forasteiros. Do ponto de vista governamental, tudo se resumia a situações subversivas objectiva­men­te criadas em meios onde a credulidade é grande e a pobre­za campeia. Finalmente, havia evidên­cias de ladrões tirando partido da situação para roubar nas casas abandonadas.

11 janeiro 2018

Eleição autárquica em Nampula

Um prisma sobre a eleição autárquica em Nampula através do mais recente número de um boletim editado por Joseph Hanlon com 03 páginas, a conferir aqui.

Para a psicologia dos rumores em Moçambique [15]

Número inaugural aqui, número anterior aqui. A crença tornou-se recorrente e estendeu-se a Cabo Delgado e a Nampula. Em Cabo Delgado, mais particularmente em Pemba, ela apareceu em 1988 estreitamente associada no imaginário popular à mobilização feita pela Cruz Vermelha para obter doadores de sangue e ao suposto encaminhamento deste para o banco de sangue. Em Nampula, mais concreta­men­te em Namialo, a crença tomou curso em 1991 no decor­rer de uma epidemia de cólera. Em 1992 e 1995 reapare­ceu na Zambézia (doentes com sintomas de anemia e de malá­ria apresentaram-se nos hospitais queixando-se de que o seu sangue tinha sido «chupado») e, em 1995 também, em Nampula (estando esta província a braços desta vez com uma epidemia de meningite).

10 janeiro 2018

Pretendentes a cargos

O tempo das eleições, em seus múltiplos e sinuosos subtempos, é o tempo das ansiedades, enormemente prêenseis, dos pretendentes a cargos.

Um prisma sobre Moçambique

Um prisma sobre Moçambique através do mais recente número de um boletim editado por Joseph Hanlon com 06 páginas, a conferir aqui.

09 janeiro 2018

Para a psicologia dos rumores em Moçambique [14]

Número inaugural aqui, número anterior aqui. Milhares de Zambezianos passaram noites em claro gritan­do, batendo palmas, agitando panelas e outros objectos para afugentar os anamawula (sugadores de sangue, vampiros). Fazia-se fé em que o sangue era destinado ao fabrico de uma nova moeda, à consoli­dação da Independência Nacional e ao abastecimento dos hospitais. Do ponto de vista governamental, o fenómeno foi imputado ao inimigo e ao obscurantismo.

08 janeiro 2018

Uma crónica semanal

Se quiser ampliar a imagem, clique sobre ela com o lado esquerdo do rato. Nota: "Fungulamaso" (=abre o olho, está atento, expressão em ShiNhúnguè por mim agrupada a partir das palavras "fungula" e "maso") é uma coluna semanal do "Savana" sempre com 148 palavras na página 19. Confira na edição 1252 de 05/01/2018, aqui.